Coletivo Ana Montenegro

domingo, 6 de julho de 2014

Coletivo Ana Montenegro no cortejo 02 de julho/Marcha das Vadias

O Coletivo Ana Montenegro participou no último 02 de julho do cortejo cívico que ganha as ruas de Salvador nesta importante data para o povo baiano e da Marcha das Vadias que compôs o cortejo.

O 02 de julho é uma data significativa para o povo baiano, representando a luta pela liberdade da Bahia. Mas para além disto ela representa a luta dos diversos povos que compôs esta batalha: Índios, negros, pescadores, marisqueiros- mulheres e homens, que se uniram pela liberdade da sua terra. Ela é dada início no dia 26 de junho no Recôncavo Baiano, com o Exército dos Farrapados, composto por filhos e descendentes de escravos e ganha o reforço dos sertanejos e índios do interior.

E nesta data não podemos deixar de recordar da heroína da independência: MARIA FELIPA: MULHER, NEGRA, LUTADORA!

Liderando um grupo de mulheres e homens de diferentes etnias, Maria Felipa organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo, foi responsável pelo incêndio de várias embarcações portuguesas e em 7 de janeiro de 1823, liderou aproximadamente 40 mulheres na defesa das praias.

Após a independência Maria Felipa ainda manteve suas posições de desafio ao status quo e também encabeçando as reivindicações da população.

Maria Felipa é uma representação de como a comunidade itaparicana encara sua participação na Guerra de Independência. Seu caráter popular e aguerrido, suas atividades laborais – marisqueiras, no comércio de baleias, ganhadeira – sua identidade étnico-social – negra e pobre – fazem dela uma Heroína que agrega em si as características de um grupo que teve uma participação significativa no processo de libertação da Bahia, mas que permanece, sob vários aspectos, ignorado.

O 02 de julho representa a luta e a resistência do povo baiano a mais de 500 anos de exploração! Representa a luta das mulheres contra a EXPLORAÇÃO E DOMINAÇÃO MACHISTA, que ganhou força nos braços de Maria Felipa e de todas as mulheres que encabeçaram estas batalhas!

NOTA DO COLETIVO FEMINISTA CLASSISTA ANA MONTENEGRO À 4ª MARCHA DAS VADIAS- SALVADOR

Contra qualquer forma de opressão e exploração, sempre estaremos em luta!

A marcha das vadias traz como principal tema nas suas marchas o slogan contra a opressão à mulher e o direito à sua sexualidade, negando a sujeição à um moral machista e puritana que tornam o corpo da mulher simples objeto de prazer masculino e para a reprodução.

O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro acredita que devemos lutar contra qualquer opressão e violência à mulher e a todo ser humano, bem como pelo direito das mulheres de exercerem sua sexualidade sem serem transformadas em mercadoria para serem vendidas e consumidas em propagandas, festas e na sujeição à prostituição.

Mas acreditamos que a luta por direitos e contra a violência não pode acabar em si, já que a opressão às mulheres tem raízes mais profundas do que o simples machismo. Compreendemos que o machismo surge da necessidade de reprodução da dominação e, essa dominação, em nossa sociedade, passa pela dominação de classe.

Nós não queremos ser mercadoria para o consumo machista do nosso corpo, da nossa sexualidade. Mas também não queremos que nosso trabalho, seja ele qual for, seja comercializado como mercadoria. Nesse sentido, nossa marcha deve exigir o

nosso direito ao nosso corpo por inteiro:

Não somos mercadoria sexual

Não somos mercadoria para o capital

Somos mulheres, trabalhadoras, lutadoras pelo fim de todas as opressões e explorações!

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro - Bahia

quarta-feira, 25 de junho de 2014

3ª Marcha das Vadias- Aracajú-SE


3ª MARCHA DAS VADIAS- ARACAJU: O diálogo entre feminismo e transfeminismo


Pela terceira vez na capital sergipana ocorreu a Marcha das Vadias. Dessa vez o destaque da marcha foi a pauta da transfobia: opressão contra as pessoas transexuais e travestis. Esta centralidade na pauta é produto de um diálogo que o movimento feminista de esquerda travou com o transfeminista, do qual trouxe valiosas contribuições como, por exemplos, a diferença entre identidades de gênero e orientação sexual; pelo direito da visibilidade trans* e a reivindicação do projeto de lei denominado Lei João W. Nery - a Lei de Identidade de Gênero Brasileira.
Esse diálogo significa um marco para ambos os movimentos, uma vez que historicamente as divergências de concepção de gênero e de fazer política os afastaram de uma possível unidade. Isto porque, por muito tempo o movimento feminista sustentou uma (falsa) tese de biologização do conceito de mulher e homem, isto é, dava- se certa primazia a genitália como definição. Assim, os traços anatômicos (vagina ou pênis) eram o que definia tanto os papeis sociais como também a própria inserção no movimento feminista. Portanto, bastava- se ter vagina para, assim, ser considerada mulher e até mesmo feminista.
Com o advento das manifestações de ordem LGBT na década de 60- 70 e a chegada impactante da obra “O Segundo Sexo” (1949) de Simone de Beauvoir no movimento feminista da época é que se passou a questionar “o que é ser mulher”? O livro da Beauvoir influenciou de forma decisiva o movimento feminista, pois trouxe a desconstrução do mito de uma essência feminina a partir do seu sexo, quando na verdade era uma camuflagem da dominação masculina.
A partir da década de 60, o movimento feminista ganha nova roupagem ao adicionar em seus princípios − consequentemente nas suas frentes de luta − a necessidade de questionamento e desconstrução das raízes culturais da desigualdade entre os sexos. Colocando em xeque a ideologia machista dominante do ‘eterno feminino’, na qual afirmava que mulher está destinada ao lar e a família, por ser o sexo frágil e inferior ao homem. Deste modo, o movimento feminista pautou por mudanças nos costumes e na quebra dessa assimetria que justifica a dominação masculina. Portanto, a bandeira reivindicatória era de que não bastava ter útero era preciso tornar- se mulher! Afinal, “a mulher não se define nem por hormônios nem por misteriosos instintos e sim pela maneira por que reassume seu corpo e sua relação com o mundo." (Beauvoir, 1967, p: 494).
Embora já se tenha passado algumas décadas desse avanço, que foi o surgimento da categoria gênero enquanto construção social, muitos movimentos feministas ainda trazem em suas diretrizes políticas a não aceitação dxs transexuais e das travestis nos seus espaços de auto- organização e de atuação política. Isso, para nós do Coletivo Feminista- Classista Ana Montenegro é estéril e que pode nos conduzir ao fundamentalismo da biologização do conceito de gênero. E coloca-se em risco de essencializar uma categoria que veio desconstruir essências!
É preciso avançar e não retroceder! E entender que, assim como gênero não se resume a genitália, feminismo não se resume a útero. Continuemos a enunciar a célebre frase da Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher: torna-se” e sigamos em Marcha até que sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.
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Créditos da foto: Janaína Vasconcelos
Referência Bibliográfica:
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Vol. II. Editora Difusão europeia do livro. 1967

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Crianças, volver!

Crianças, volver!

Por Mariângela Marques
(Membro da Coordenação Nacional da UJC e militante do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro)

Lembro-me que quando eu tinha entre sete e oito anos de idade fui andar de bicicleta nas ruas do bairro onde eu morava, em São Paulo, no Pari, região do Brás, conhecida região de bairro operário e do comércio têxtil paulistano.
Nessa andança de bicicleta, no auge da minha infância – ressaltando bem a fase da minha vida, INFÂNCIA – um rapaz pediu para que eu o ajudasse a consertar sua bicicleta e, por mais que meus pais sempre me alertassem “nunca fale com estranhos na rua”, eu fui solícita, como ensinou a Igreja Católica Apostólica Romana que frequentei até acabar minha adolescência, e parei para, assim, ajudá-lo.
Ele ali, com um ser estranho pendurado, acariciava sem parar enquanto nada fazia para consertar sua própria bicicleta, então, dei-me conta de que aquele ato não estava normal e, com medo, voltei à minha magrelinha que ainda tinha rodinhas e pus-me a correr, querendo abraçar minha mãe ou meu pai e sentir-me segura, sem coragem de contar o que havia ocorrido. Meu medo em contar não foi pelo “negócio” pendurado que aquele homem tinha, mas o medo do meu pai brigar comigo porque eu ajudei um estranho na rua.
Depois que eu cresci, depois que aprendi na escola o que é pênis e vagina, que vi meninos roçando meninas para satisfazerem seus libidos másculos e recalcados, lembrei-me do que ocorreu naquela manhã de sábado e percebi que aquele rapaz, nojento e inescrupuloso, batia uma punheta para mim, uma criança, uma menina, uma ser humana.
Isso não aconteceu – ou acontece – só com paulistanas moradoras de bairros operários, mas acontece com todo mundo, com toda a impunidade social ao homem que fere, que maltrata, que violenta e até mata em nome de sua masculinidade, compartilhada por diversos outros homens, responsáveis por propagandas de TV e internet, rádio e rede social; compartilhada por outras tantas mulheres criadas para serem afáveis e nunca, jamais, duras, grosseiras e raivosas porque, quando assim são, elas se tornam homens.

Isso acontece com a falsa moralidade da manutenção de uma família acrítica ao seu próprio formato, muitas vezes reiterado por dogmatismos naturalizados de uma sociedade que nunca, jamais, será transformada porque “deus quis assim”, tanto é que este “deus quis assim” aceitou o espancamento, até a morte, de um filho de oito anos de idade porque ele, além de ter sido desobediente, algo até normal em crianças, simplesmente lavou louças em sua casa e gostava de dança do ventre. Se o pai achou que o fato de UM HOMEM lavar louça era suficiente para MATAR, imagina o que ele poderá fazer com as próprias filhas
E nunca mais obtivemos notícias do pai que matou para educar...
Neste jogo sádico para formar uma criança, adulterando-a para ser adulta, encontramos a realidade do “Brasil padrão FIFA” – um país que deveria, também inconstitucionalmente1, mudar de nome e passar a ser República Federativa da FIFA – em que crianças atendem à demanda sexual que espreita as cidades-sedes dos jogos da Copa do Mundo, um filão de mercado que lucra com uma menina que, aos 16 anos de idade, é “(...) considerada a menor mais velha na profissão”2.

Assim é que vemos as crianças volverem ao que elas, há muito tempo, perderam: a infância! Mas qual é a idade da infância nos países de avançado processo de expropriação de vidas humanas? Qual é a idade da infância do nosso atrasado crescimento econômico do novo momento de desenvolvimentismo capitalista do socialismo do século XXI? Com qual idade a infância pode mercantilizar o próprio corpo?
Infelizmente, só tenho resposta para a última pergunta: 12 anos! Porque com doze anos de idade uma ser humana não é sexualmente agredida por já poder consentir o uso do próprio corpo. Com menos de doze anos de idade as crianças podem trabalhar para ajudarem aquelas pessoas que são chamadas de “família” (crianças escravizadas, nada de análogas à escravidão: são escravas). Isso também não é violência.


***
Daqui de onde estou penso no que farei assim que sair da frente deste computador onde desabafei o grito sem som de tantos anos... sei que, ao sair, muitxs outrxs também estarão andando nas ruas e pensando no que fazer para mudar o Brasil, quiçá o mundo, mas terão o sentimento de solidão que impele ao coletivo... sei que, ao sair, tantxs outrxs praticarão a violência impune – mais dentro de casa do que fora dela... mas sei que devo continuar a luta que é, quase sempre, abafada por ecos conservadores contra AS e OS feministas comunistas.
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1 Fazendo alusão à Lei Geral da Copa, aprovada inconstitucionalmente em novembro de 2011, pelo Senador Crivella; outorgada pela presidente Dilma Roussef.

2 Livre tradução. Artigo disponível em http://www.elmostrador.cl/2014/22/05/las-nina-putas-del-mundial-de-brasil/. Acessado no dia 25 de maio de 2014, as 17h e 56min.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

17 de maio: Dia Internacional Contra a Homofobia!

17 DE MAIO: Dia Internacional contra a Homofobia

Por todas as formas de Amor”

É desde a década de 1990 que o “17 de Maio” é considerado o Dia Internacional de combate a Homofobia.
Essa data representa uma conquista histórica dos “movimentos gays” da época, que pautaram a retirada do termo homossexualismo dos catálogos de enfermidades da Organização Mundial da Saúde - OMS, pois concebia as relações homoafetivas como patológicas. Essa visão clínica, carregada de fundamentalismo religioso, reaparece no cenário brasileiro e vem ganhando adesão de boa parte da população através da mídia burguesa, cujas funções são a da propagação e manutenção do ordenamento do patriarcado e da heteronormatividade.
Aproximando para os nossos dias, o ano de 2013 foi de intenso ataque ao movimento feminista, isto porque, recentemente, o Estado vem pautando dois projetos de lei que significam um retrocesso às conquistas históricas do feminismo: o Estatuto do Nascituro e a “Cura Gay”.
O estatuto do Nascituro é o impedimento e a punição à prática do aborto mesmo nos casos espontâneo e de estupro, logo, é um exemplo de que o machismo também é institucionalizado.
Além do retrocesso da lei do nascituro, há também o retrocesso da compreensão da relação homoafetiva, onde esse projeto de lei, alicerçado pelo fundamentalismo religioso e as defesas reacionárias, concebe a homossexualidade como patológica e que necessita de cura. Em suma, estamos perdendo as conquistas materiais e políticas do movimento feminista.
É nesse sentido que o movimento feminista precisa, cada vez mais, se articular com o movimento LGBT e pautar, com unidade, o combate à opressão de gênero, raça e classe, assim como a rememorável “Revolta do Stonewall”, ocorrida em 1969, em Nova York, onde gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros foram às ruas dar visibilidade as suas demandas por direitos e, principalmente, suas liberdades!

O Coletivo feminista-classista Ana Montenegro entende que a identidade de gênero masculina ou feminina, e o espectro de possibilidades entre esse binarismo, não é de natureza imutável, sendo, sim, constantemente reconstruída socialmente! Lutemos contra a trans/lesbo/homofobias, articulando a luta revolucionária pela transformação da sociedade. 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mulheres, (continuem) sendo violentadas.

Por Mariângela Marques, militante da UJC, PCB e do Coletivo Feminista-Classista Ana Montenegro.

Mulheres, (continuem) sendo violentadas


Faz tão pouco tempo que o IPEA assombrou nossas vidas, saindo dos 65%, baixando para os 26%, mas, falemos a verdade, o assombro foi só quando o IPEA, (des)medidamente, errou na pesquisa?

O machismo está aí e, infelizmente, desde as naus, sempre esteve, só que ele ficou rebuscado, cheio de cenas que fazem nossos olhos brilharem, com diversos Leblons e Ipanemas, uma pitadinha de Goiás, o avanço da tecnologia, mulheres magérrimas e “gostosas”, homens galãs com seus olhos claros e muitas, diversas, milhares de brasileiras morrendo vítimas da violência do homem (macho alfa?) que estupra, passa a mão, assovia na rua, comenta a beleza “bundal” como se fosse uma piadinha de elogio na mesa do bar.

Isso é a novela.

Tem, também, a mulher chefe de família que empurrada para as responsabilidades que, assim como o machismo desde as naus portuguesas, são tidas como das fêmeas porque são domésticas, parem, educam seus filhos, trabalham, colocam (e fazem) comida na mesa e batem no peito porque são mulheres guerreiras. Infelizmente elas não percebem que há uma imensa contradição ao bater no peito tendo sido abandonadas à própria sorte como se fossem as únicas responsáveis. Essas mulheres são, sim, fortes, guerreiras (porque batalhadoras), mas precisam entender onde se inserem na vida a elas legada.

Isso também é a novela.

E aquelas mulheres que correm daqui, correm de lá, vendem a si próprias como meras mercadorias de satisfação carnal hetero, homo, bi, etecetera, e ainda são responsabilizadas por não terem estudado, procurado outro tipo de emprego, incentivado a criação e ou formação de suas próprias famílias e muitas outras desculpas, elas que são as “putas” e apanham, e (não) são estupradas.

Elas também são a novela e, para não vulgarizar com a palavra PUTA, são garotas de programa tão somente. 

São diversas novelas com conteúdo do cotidiano, do dia-a-dia da família brasileira que, cansada do dia exaustivo de trabalho no calor de 40o da Terra Brasileira, aperta o botão do controle remoto e se depara com um conteúdo pragmático: bestialidade! Do jornal das oito ao programa de entretenimento BBB (Bobo, Babaca, Boçal), tudo muito igual: bestialidade! E assim as revistas, conhecidas como “de fofoca”, ou os jornais, com seus cadernos “de fofoca”, avacalham geral ao noticiarem o seguinte: “Ele não aceita o não! (título)... Laerte vai até o galpão da escola de música e encontra Luiza. Achando que ela é a Helena do passado, Laerte não se segura e a beija. Ela briga, diz que ele está louco e tenta ir embora, mas o músico a pega pelos braços e rasga sua roupa. Luiza ainda tenta fugir, mas Laerte não deixa. Chamando-a de Helena, ele a obriga a fazer sexo com ele à força, repetindo a mesma história do passado, quando Laerte tirou a virgindade da namorada com brutalidade. Luiza se debate, porém, assim como foi com sua mãe, cede aos encantos do rapaz e aproveita o momento”
(http://emfamilianovela.com/laerte-transa-luiza-forca/).

Se interpretarmos com positividade, pois é assim que eles querem que vejamos esses folhetins das nove, então teremos uma menina difícil e puritana que, com peso na consciência, não cede seu sagrado corpo ao desejo. Oras, que mulher nunca passou por isso, não é mesmo senhor autor de novela?

Agora, se interpretarmos com negatividade (coisa que atrasa esses canais abertos, afinal, reclamamos de tudo que diz respeito à nossa dignidade de ser humana, e não de ser humano), o que temos é a típica naturalização de uma cena repetitiva para diversas mulheres que, aí sim, por se sentirem forçadas a darem prazer ao sexo alfa do gênero masculino, não se sentem capazes de se satisfazerem e, portanto, aproveitam o momento. Como bem comentado por um homem, ao ler a reprodução do texto acima citado, deixa de ser estupro quando a mulher cede aos encantos.

Obrigada rede global por, mais uma vez, deixar-nos com todas as pulgas e demais pestes atrás das nossas orelhas, afinal de contas, que culpa tem uma criança resultado de um estupro, não é mesmo?

Abençoe-o, senhor, ele não sabe o que escreve!
E então voltamos à dubiedade do IPEA, o machismo é ou não é uma porcentagem?

quinta-feira, 13 de março de 2014

Nota de repúdio à atitude preconceituosa do Estado de São Paulo e em solidariedade à Professora Bruna!



O Coletivo Ana Montenegro - São José do Rio Preto vem repudiar a atitude preconceituosa do Estado de São Paulo, na figura da Secretaria de Educação e do Departamento de Perícias Médicas do Estado que reprovou discriminativamente a professora Bruna Giorjiani. 

Bruna é do Coletivo e uma grande profissional. Atua na escola pública há sete anos, além de lecionar em duas faculdades da cidade. Nunca teve uma falta por atestado médico e é muito querida nas escolas que trabalha.


O critério do Estado foi usar o IMC e constatar com base em uma tabela (que é questionável) que ela possui "Obesidade Mórbida" e pode, portanto, vir a desenvolver uma doença (uma hipótese não compartilhada dos próprios resultados de seus exames que estavam TODOS em ordem). A própria OMS considera que o Índice de Massa Corporal é uma recomendação, não sendo portanto critério cientificamente provado de determinação de doenças ou mesmo de obesidade. 

Bruna foi considerada inapta por puro preconceito físico! Um preconceito que atinge todos, mas em especial a TODAS NÓS mulheres ao nos obrigar a seguir um padrão de beleza que nos humilha por nossa cor, nosso corpo, nossos cabelos, nossos olhos, nossos peitos e nossas bundas! Um padrão que nos condena a comer com culpa e fazer atividades agressivas ao nosso corpo. Um padrão que nos coloca no mercado como carne a ser vendida por partes!! Um padrão eurocêntrico, branco e magérrimo! Não somos e não queremos ser padrão!! Somos mulheres!! Não podem nos medir!

Bruna não está sozinha! Há outras professoras que estão passando por essa mesma situação vexatória e desnecessária! E não está sozinha porque essa é uma luta que envolve todxs nós que acreditamos em uma educação pública e de qualidade e que não admitimos esse autoritarismo do Estado de São Paulo!

Força camarada!! Essa luta não pode parar!!!



Vale ressaltar que não é somente a Bruna que está passando por essa situação. 

Após a repercussão deste caso, outras professoras que foram consideradas inaptas para assumir o cargo de professora efetiva do Estado de São Paulo começam a aparecer, lutando por seus direitos.

É inadmissível que professoras e professores obesos sejam discriminados e descartados de tal forma. O irônico em tudo isso é que para contratação temporária e extremamente precária o Estado se omite e não há problema algum em relação aos contratados. 

Pela imediata contratação da Professora Bruna e de todas que estejam passando pela mesma situação!

Coletivo Ana Montenegro.


O 8 de Março e o Ana Montenegro!

Atividades do 8 de março

Aracajú-SE:
Nesta data que simboliza um processo histórico de visibilidade da luta feminista o Coletivo Ana Montenegro- Sergipe comemorou seu aniversário de um ano de atuação na luta contra as opressões de gênero e de classe.
A comemoração foi feita nas ruas, em conjunto com outros movimentos sociais (Coletivo de Mulheres de Aracaju, Coletivo Ana Montenegro, a Diretoria da Mulher do Sindicato dos Engenheiros, as mulheres do Movimento Não Pago e do Sarau Debaixo, o Coletivo Parto Ativo, o Studio Rasta e a organização da Marcha das Vadias), dando ênfase na pauta sobre a Saúde da Mulher.
E assim, continuaremos nas ruas hasteando a bandeira do combate à cultura machista, homofóbica e patriarcal e, sobretudo, dizer que A LUTA DAS MULHERES É PARTE INTEGRANTE DA LUTA DE CLASSES, pois, para que seja extinta a exploração sobre seu corpo e sua alma, deve- se ter uma luta revolucionária, isto é, a luta pela transformação da sociedade.

Sete Lagoas - MG:
O 8 de março de luta de Sete Lagoas, Minas Gerais, foi realizado pelo Ana Montenegro e conjunto com a UJC!


São Paulo - SP:
O ato unificado do 8 de março em São Paulo capital contou com mais de 8 MIL pessoas!!! O Ana Montenegro estava lá.

Recife - PE:
A atividade do 8 de março em Recife foi o debate/homenagem às mulheres que lutaram durante os duros anos da Ditadura militar brasileira.
Homenagem à companheira Sandra, militante do PSTU-PE assassinada no mês passado.
Executiva Coletivo Ana Montenegro - PE
São José do Rio Preto - SP:
O ato unificado do dia da mulher realizado em Rio Preto contou com a participação do Ana e demais organizações/coletivos feministas (Marcha das Vadias e MML).
Quando uma mulher avança, NENHUM HOMEM retrocede!!!


Goiânia - GO:
Em Goiania, as camaradas do Ana Montenegro estiveram presentes na Marcha das Vadias da cidade, a atividade do 8 de março.

" Transformar radicalmente o mundo só será possível se as mulheres forem, com igualdade, sujeitos legítimos deste processo" (A. Kolontai)

terça-feira, 11 de março de 2014

"Pesquisa exalta direitos das mulheres soviéticas"

FOLHA DE SÃO PAULO
Domingo, 9 de março de 2014


DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Pesquisa exalta direitos das mulheres soviéticas

Estudo da historiadora Wendy Goldman chega ao Brasil no fim deste mês.

Para pesquisadora, mulheres de hoje precisam se organizar para conquistar condições justas.

ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO

Mulheres ganham só uma fração do que ganham os homens. Na separação, ficam com os filhos e estão mais pobres. Não têm acesso a boas creches e sofrem com a violência em boa parte do mundo.

“Mudar essa situação é tarefa das mulheres. Elas precisam falar de aborto, estupro, da insegurança de andar à noite na rua. A violência contra a mulher precisa ser inaceitável socialmente. É muito difícil mudar individualmente; é preciso mudar coletivamente.”

A avaliação é da historiadora americana Wendy Goldman, 57. Professora da Universidade Carnegie Mellon, em Pitsburgh (Pensilvânia, EUA), ela é autora de “Mulher, Estado e Revolução: Política Familiar e Vida Social Soviéticas, 1917 a 1936”, que sai no fim do mês no Brasil.

O livro, de 1993, aborda as enormes transformações sociais ocorridas na União Soviética nos primeiros anos da revolução de 1917.

Naquele ano, foi estabelecido o divórcio a pedido de qualquer um dos cômjuges (no Brasil o direito só vigoraria 60 anos depois) e o casamento civil substituiu o religioso. A URSS foi o primeiro país do mundo a dar a todas as mulheres a possibilidade legal e gratuita do aborto.

“Operários e camponeses haviam tomado o poder e podiam pensar como construir um mundo melhor. Hoje o sentimento revolucionário, o otimismo e a esperança no futuro não existem da mesma forma. Só, talvez, em pequenos grupos”, diz Goldman em entrevista à Folha.   

Ela conta que a maior surpresa na sua pesquisa histórica foi constatar que “mesmo camponesas que não haviam tido educação tinham sentimentos fortes sobre igualdade e opressão. Não é preciso ter educação para ter consciência do que está errado”.

Naquela época, relata ela, os bolcheviques buscavam formas de transferir para a esfera pública as tarefas domésticas como forma de liberar as mulheres do trabalho “banal, torturante e atrofiante”, nas palavras de Lênin. A ideia era multiplicar a criação de lavanderias públicas, comedouros coletivos e creches.

“Os bolcheviques tiveram uma boa ideia, que era tirar o trabalho de casa. Aqui hoje homens e mulheres têm de dividir o trabalho e brigam pelas tarefas domésticas e pelos cuidados com as crianças”, afirma Goldman.

Naquele momento, houve muito debate sobre o papel da família. “Eles acreditavam que a família desapareceria em boas condições no socialismo. A família hoje está desaparecendo no capitalismo, mas em condições muito ruins”, avalia a historiadora.

“As mulheres são abandonadas com os filhos; se criam famílias só de mulheres: mães, avós, netas. Com baixos salários é muito difícil sustentar uma família. Hoje há mais crianças vivendo na pobreza nos EUA do que há 25 anos”, diz.

Para ela, as mulheres precisam de bons salários para que possam ter independência para criar seus filhos e ter participação na vida pública. Condenando a publicidade, ela declara: “Corporações usam os corpos das mulheres jovens para vender seus produtos. Numa sociedade melhor, isso não seria feito.”

E qual seria o papel da família no futuro? Goldman responde: “Se a família continuar a se desfazer, será muito ruim. Se homens e mulheres têm bons salários e são capazes de sustentar seus filhos, se têm acesso a uma boa educação, a controles da natalidade e o aborto é legal, não importa se a família continuar a existir ou não, se são casados ou não.”
MULHER, ESTADO E REVOLUÇÃO
AUTORA Wendy Goldman
EDITORA Boitempo e Edições ISKRA
QUANTO R$ 59 (400 págs.)

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/03/1422393-pesquisa-de-historiadora-americana-exalta-direitos-das-mulheres-sovieticas.shtml