Coletivo Ana Montenegro

quinta-feira, 9 de abril de 2009

COLETIVO DE MULHERES ANA MONTENEGRO

Ana Lima Carmo

ColetivoMulheres ANA MONTENEGRO

Não fosse por todas as suas extraordinárias qualidades, que justificariam pleno orgulho, a mulher brasileira deveria se sentir ainda mais orgulhosa por ser compatriota de Ana Lima Carmo, codinome "Ana Montenegro", que nos deixou em março de 2006.
Integrante da direção nacional do PCB por muitos anos, ao morrer Ana estava próxima do 91º aniversário, mas a morte não extinguiu sua vida de grande dignidade, assinalada por uma intensa luta em favor do povo brasileiro, especialmente em defesa da mulher.
A mulher, diga-se, é a maior vítima de todas as violências, guerras e perseguições: elas sofrem por seus pais, irmãos e maridos, mas principalmente pelos filhos que geraram e muitas vezes são atacados mortalmente por uma sociedade corrupta.
Uma juventude hoje assolada pela droga, pela execução em tenra idade, pela falta de emprego, pela sala de aula sem professor e pelas sacanagens propagandísticas da ideologia, que tenta lhes minar o ânimo e impedi-la de lutar contra a máquina de opressão sustentada pelo capitalismo em sua fase neoliberal, com os "préstimos" da grande mídia burguesa.

O salvador Marighella

Ana Montenegro nasceu em 13 de abril de 1915, em Quixeramobim (CE). Estudou Letras e Direito no Rio de Janeiro e depois se radicou na Bahia. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1944 e fundou a União Democrática de Mulheres da Bahia em 1945, ali atuando até 1964, quando partiu para o exílio. Ela foi a primeira mulher a ser exilada, passando a residir no México, de onde seguiu para a Europa.
Aliás, a história do exílio de Ana é particularmente significativa. Foi justamente a amizade que tinha com Carlos Marighella (1911-1969), um dos líderes comunistas mais ferozmente cassados pela repressão, que a livrou de ter um triste destino no Brasil.
Foi ele quem a aconselhou a sumir do País, logo em 1964, para assegurar sua integridade física, mas ele próprio ficou e foi assassinado. Depois do México, Ana foi a Cuba e em seguida à Alemanha Oriental, onde passou a maior parte dos 15 anos de exílio.
Foi assessora da Ordem dos Advogados do Brasil, na seção baiana, atuando em defesa dos Direitos Humanos e integrou o Fórum de Mulheres de Salvador. Na década de 80 escreveu os livros "Ser ou não ser feminista", "Mulheres - participação nas lutas populares", "Uma história de lutas" e "Tempo de Exílio". Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz 2005, junto com mais 999 mulheres de todo o mundo.
Aprender, ensinar e trabalhar
Mulher de fibra, ela sempre afirmava que "respeitar o povo é respeitar suas necessidades". Jornalista, participou de diversas publicações do PCB e da imprensa baiana. Com a anistia, em 1979, Ana retornou ao Brasil e se instalou em Salvador, assumindo suas funções na direção nacional do PCB, sempre lutando pelos direitos humanos e da mulher.