Coletivo Ana Montenegro

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pela não criminalização das mulheres. Pela legalização do aborto

28 de setembro - Dia Latino-Americano e caribenho de Luta pela  legalização do aborto



No contexto do processo da reforma do Código Penal, de uma grande ofensiva  ideológica contra a Legalização do Aborto, como a de aumentar os direitos jurídicos do nascituro no Brasil (Estatuto do Nascituro) de concessão de bolsa-auxílio para quem mantenha a gestação, e, sobretudo, a condenação efetiva com penas de prisão para quem aborta e para os médicos, sem contar as poderosas campanhas na mídia, denunciamos e repudiamos  a ação de grupos políticos conservadores que, em nome da defesa da vida de alguns,  tratam a problemática do aborto de forma irresponsável para com os direitos humanos e a vida e saúde das mulheres brasileiras.
Numa sociedade de classes, criminalizar o aborto é criminalizar a pobreza já que  mulheres ricas são atendidas em clínicas, ainda que ilegais, com bons profissionais, bem aparelhadas e seguras, e, obviamente caras, e, portanto, não acessíveis às mulheres pobres, a quem resta a gravidez indesejada, com todas suas consequências e sequelas,  ou a prisão e muitas vezes, pela insegurança, a morte. Por medo de ser denunciada realiza o procedimento no ambiente doméstico, sem qualquer proteção, o que, muitas vezes, a leva, ironicamente, para o SUS para realização de curetagem, (retirada do material placentário) onde, aliás, com frequência acaba sendo atendida com discriminação em função da tentativa de aborto mal sucedida.
Na Reforma do Código Penal, em discussão no Congresso Nacional são muito tímidos os permissivos para a prática do aborto, permanecendo a ideia da criminalização, e assim, de um Estado policial em detrimento de um Estado democrático.
Temos ainda O Estatuto do Nascituro que  viola os direitos humanos e reprodutivos das mulheres, a Constituição Federal e a lei penal vigente. Ele além de legitimar/legalizar o estupro, baseia-se numa ideia religiosa ( as células fecundadas já seriam pessoas) ignorando a laicidade do Estado brasileiro.
Nenhuma mulher deseja o aborto, entretanto, no estado burguês há quase que uma impossibilidade social de controle da própria sexualidade na medida em que a gravidez indesejada é resultante de situações sociais estruturais no capitalismo: violência sexual, recusa de uso de métodos contraceptivos por parte dos homens, falhas nos métodos,limites aos acessos à informação e no acesso aos métodos, especialmente para as mulheres jovens, bloqueios à laqueadura de trompas, gestação de filhos anencéfalos, riscos de morte para a gestante.
Aqueles que defendem o processo de criminalização são os mesmos que impedem as iniciativas de educação sexual para adolescentes, que lutam contra a distribuição e venda de contraceptivos de emergência, que impedem as mulheres de terem acesso às informações seguras sobre métodos de aborto, sem contar os limitados serviços públicos na oferta de contraceptivos. Ainda temos o novo Código Penal em gestação, tentando retirar os permissivos de aborto em casos de estupro e risco de morte, conquistas essas já obtidas no Código vigente de 1940. O genitor continua sendo ignorado pelo estado brasileiro.
Criminalizar o aborto não resolve, muito ao contrário, acarreta sofrimento, adoecimentos, discriminações por parte de familiares e amigos, e, claro, na insegurança da clandestinidade, com serviços precários de abortamento provoca sequelas no corpo da mulher ou mesmo sua morte, atingindo geralmente as mais pobres.
As mulheres do COLETIVO ANA MONTENEGRO chamam a todas e todos para se posicionarem contra o Estatuto do Nascituro e sua bolsa estupro, a lutar contra a posição política de tratar o aborto como assunto penal ou de polícia devendo ser trazido para o campo da política pública de saúde integral à mulher, apontando, portanto, para sua legalização como uma forma de respeito à decisão soberana das mulheres sobre suas vidas, seus corpos e sexualidade. 

MULHERES DO COLETIVO ANA MONTENEGRO
Setembro de 2013

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ana Montenegro convida para a palestra 'Rompendo Silêncios', contra o tráfico de pessoas

Uma proposta do Coletivo de Mulheres ANA MONTENEGRO

Nesse domingo (15/09), às 15h, o Coletivo de Mulheres ANA MONTENEGRO organiza palestra  sobre o tema "Tráfico de Mulheres" com a Dra. Cláudia Luna. O evento ocorrerá na sede do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo - Rua da Abolição, 167, Bela Vista (Bixiga).


Rompendo silêncios é o nome de nossa campanha contra esse horror do tráfico de pessoas. Marx escreveu sobre o processo de alienação, sobre a capacidade do capitalismo de transformar partes intrínsecas de nossa humanidade em objetos alienados para serem comprados, vendidos e possuídos. O capitalismo vende o corpo humano, particularmente o das mulheres, aos pedaços (tráfico de órgãos)   ou por inteiro ( tráfico sexual) . Ao gosto do freguês. Somos forçados a vender nossa habilidade de trabalhar se quisermos sobreviver. Então mesmo nossa sexualidade é transformada em algo alienado de nós. Uma nova liberdade de expressão, cuja luta foi difícil, é distorcida pelo sistema para transformar tudo em uma fonte de lucro. Libertação foi  transformada em seu oposto: mulheres são pressionadas para se conformarem em algo cada vez mais caricaturesco do que deveria ser sexy, enquanto homens são encorajados para ver a si mesmos enquanto indefesos e ao mesmo tempo agressivos como prisioneiros de sua testosterona.
O tráfico de mulheres envolve dimensões estruturais e institucionais. No capitalismo globalizado, a criminalização do tráfico cumpre funções políticas e político - criminais de controle e exclusão social. Estudos das feministas, apontam que os grandes eventos esportivos são aproveitados pelos traficantes para vender mulheres como escravas sexuais.
O combate tem sido travado quase que exclusivamente pela polícia federal (questões sociais, como sempre aliás, tratadas como casos de polícia em nosso país). Uma recente operação foi a denominada Ninfas, pela qual foram libertadas dez mulheres, cinco das quais brasileiras, em julho no Estado de Goiás. Uma organização criminosa agenciava mulheres brasileiras, com falsas promessas de trabalho, como de resto parece ser a tônica. Quando chegavam ao país, eram exploradas em boates, como forma de pagarem a dívida contraída para a realização da viagem. Países como Portugal, Itália e Espanha, são os que mais recebem as vítimas brasileiras dessa violência.
O tráfico de mulheres está bastante relacionado com o mercado do tráfico de drogas que atinge, além das mulheres também as crianças, os  travestis ,os transexuais,  e os imigrantes sempre  levados com promessas de empregabilidade.Como afirma a nossa palestrante, Cláudia Luna, o tráfico de mulheres é tráfico de ilusões. De qualquer forma lembramos que, desde 2001 existe o Protocolo de Palermo, do qual o Brasil é signatário, que garante assistência às vítimas do tráfico de pessoas.

Mercedes Lima – Coletivo de Mulheres Ana Montenegro


Nesse final de semana, ativo nacional do coletivo Ana Montenegro em São Paulo

No próximo final de semana, ocorre em São Paulo o Ativo Nacional do Coletivo de Mulheres Ana Montenegro.

Ativo Nacional

SÁBADO, 14/09
Manhã – Das 9h30 às 13h, na sede do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo (Rua da Abolição, 167, Bela Vista - Bixiga)


DOMINGO, 15/09
Manhã – Das 9h às 13h – Plenária Final, com aprovação dos documentos / Reestruturação / Eleição da Direção